Conheça os profissionais que fazem de Brasília uma cidade florida o ano todo
imagem: reprodução |
Os jardins coloridos que encantam moradores e turistas em Brasília não são obra do acaso. Por trás dos mais de 583 canteiros ornamentais espalhados pelo Plano Piloto, Sudoeste, Lago Sul, Taguatinga e outras regiões do Distrito Federal, há uma rede de mais de 140 profissionais silenciosos, mas essenciais, que trabalham diariamente para manter a capital viva, florida e acolhedora.
Geridos pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), esses espaços são fruto de um trabalho minucioso que começa nos viveiros da instituição, verdadeiras fábricas de beleza e vida verde.
Da semente ao canteiro: a jornada das flores
Tudo começa no Viveiro I, no Park Way, criado em 1960. Lá, cerca de 100 mil mudas entre flores de pequeno porte, arbustos e palmeiras são produzidas por semana. Já o Viveiro II, no Setor de Oficinas Norte, com 78 hectares, é especializado no desenvolvimento de árvores e no manejo de espécies nativas.
“Daqui saem todas as mudas plantadas no Distrito Federal”, explica Janaína González, chefe dos Viveiros da Novacap há oito anos e servidora há 27.
Todo o processo desde a escolha das espécies até o plantio é planejado com precisão pelas equipes de produção, arborização e paisagismo. “Plantar é só uma parte. É preciso garantir que o canteiro seja cuidado depois”, destaca Janaína.
Reinaldo: 30 anos de amor pelas plantas
Um dos rostos desse trabalho é Reinaldo Jesus Marques, 57 anos, que há quase três décadas cuida das plantas da capital. “Tudo que mexe com planta, pra mim, representa vida”, resume.
Reinaldo conta que aprendeu a cuidar da terra com a mãe, que trabalhava com eucalipto. Hoje, ele transmite esse conhecimento até para a neta de quatro anos. “Ela já pega a enxadinha e ajuda. Minha mãe ficou muito feliz em saber que eu segui os passos dela.”
Mesmo perto da aposentadoria, Reinaldo não pensa em parar. Em sua chácara em Corumbá, mantém um pomar e um jardim. “Onde eu estiver, vai ter jardim”, afirma, com os olhos brilhando ao falar das mudas que acompanha desde a semente.
Segunda chance: reinvenção através da terra
No Viveiro I, o trabalho também é uma ferramenta de transformação de vidas. Por meio de um projeto da Funap (Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso), 120 reeducandas participam da produção de mudas, remindo pena e encontrando um novo caminho.
O.C., 60 anos, maranhense e moradora de Brasília desde os 17, conta que entrou sem afinidade com plantas, mas se apaixonou pelo ofício. “Aprendi de tudo um pouco, mas o que eu amo é semear e cuidar das mudinhas. Isso aqui ajuda a esvaziar a mente.”
Ela destaca a paciência exigida pelo trabalho com sementes: “Se cair semente demais num buraco só, a planta não se desenvolve.” Hoje, orgulha-se de seu progresso: “Se me botar na enxada, eu vou.”
“Hoje, a maior parte da mão de obra no Viveiro I vem delas. E o resultado está aí, espalhado por toda a cidade”, celebra Janaína.
Edson: superação e inclusão no trabalho
Outra história inspiradora é a de, José Edson Vieira da Silva, 54 anos, deficiente visual e servidor da Novacap há 15 anos. Ele trabalha no setor de reaproveitamento de substratos, onde os saquinhos para mudas são reutilizados até sete vezes.
Com orgulho, Edson conta que foi com o salário do trabalho que formou os dois filhos um em Relações Internacionais e Direito, outro em TI. “Aqui, a gente aprende a ser solidário. Tem colegas com dificuldades, mas a gente se ajuda.”
Para ele, o emprego é mais que sustento: é inclusão. “É um caminho justo para todos, principalmente para quem, como eu, tem deficiência. A gente só precisa da chance para fazer a diferença na cidade também.”
São mãos que plantam, cuidam e transformam. Conhecer essas histórias é entender que Brasília floresce não só por seus jardins, mas por quem os faz crescer.
Fique por dentro de tudo que rola na cidade!
Siga o @PORTALFUÇANDO nas redes sociais e receba os alertas, notícias e bastidores que ninguém mais conta. Informação direto do coração de Taguatinga!
Nenhum comentário
Não tenha Vergonha comente para nos ajudar a melhorar