Adolescência conectada ao perigo: como a internet pode transformar jovens em vítimas ou vitimizadores

imagem: reprodução

No Brasil, 95% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos estão conectados à internet  cerca de 25 milhões de jovens expostos a um mundo virtual sem barreiras. Apesar das faixas etárias indicadas em plataformas como Discord (13+), TikTok (14+), Instagram e Facebook (16+) e X/Twitter (18+), o acesso é livre e sem fiscalização, colocando milhões em risco.


Riscos reais em um mundo digital


O perigo vai além de conteúdos impróprios. Desafios virais incentivam automutilação, maus-tratos a animais e comportamentos de risco. 


"Através de um celular, eles podem acessar conteúdos de extrema violência, se conectar com criminosos e até serem recrutados para crimes bárbaros", alerta Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil.


A psiquiatra Gianna Guiotti explica que o desejo de pertencimento leva o adolescente a se submeter a atitudes prejudiciais: "Eles querem ser aceitos, mesmo que isso signifique se destruir".


Para a pediatra Evelyn Eisenstein, da Sociedade Brasileira de Pediatria, as redes sociais são uma "droga digital": "O estímulo constante ativa os circuitos de prazer do cérebro, como o álcool, e pode levar à depressão".


Casos que mostram a gravidade


- Em 2022, um jovem de 18 anos, em Vitória (ES), planejou um ataque após se isolar no quarto, conectado a grupos online. A mãe relata: "Começou a se vestir de preto, ficou mais irritado".

- Timpa, um jovem negro de origem humilde, foi cooptado por grupos extremistas com discurso de ódio. 


"Me pegaram no discurso de 'homem beta'. Só depois percebi que havia racismo, neonazismo e ameaças. Quando tentei sair, fui ameaçado", conta.


Pais no escuro


Muitos pais não percebem os sinais. "Acham que o filho é quieto, que só joga no quarto, mas não estranham 6 ou 7 horas isolado", diz Fábio Costa Pereira, do Ministério Público do RS. "Tivemos um caso em que o pai só soube o que o filho fazia quando a polícia bateu à porta."


Ação das autoridades


O Ciberlab, do Ministério da Justiça, monitora crimes virtuais 24h. "Já vimos meninos obrigarem meninas a se mutilar com estiletes", afirma Alessandro Barreto, coordenador do laboratório.


Em São Paulo, a delegada Lisandrea Colabuono destaca que o cyberbullying é um gatilho para automutilações e suicídios. Nos últimos seis meses, o núcleo paulista salvou mais de 120 vítimas.


Sinais de alerta


- Isolamento repentino  

- Interesse por violência  

- Mudanças de sono e alimentação  

- Irritabilidade e agressividade  


 A responsabilidade das empresas


Luiza Teixeira, do Unicef, aponta: "Há ferramentas para detectar abusos, mas falta legislação que obrigue as big techs a usá-las. Elas têm responsabilidade nisso."


Após ataques a escolas no RS, o MP capacita educadores. "Houve um caso em que uma diretora agiu após treinamento. O aluno, que sofria bullying, foi atendido a tempo. De vítima, ele quase virou vitimizador", relata Fábio Costa.


O Caminhos da Reportagem traz o tema no episódio “Adolescência conectada ao perigo”, nesta segunda (11/08), às 23h, na TV Brasil.


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